Nas tradições judaicas e cristãs, o símbolo crucífero pertence aos ritos primitivos de iniciação. A cruz cristã é anunciada por figuras do Antigo Testamento, como os montantes e barrotes das casas dos judeus, marcados com o sangtue do cordeiro sob um signo cruciforme; cordeiro assado sobre duas achas apresentadas em forma de cruz.
A cruz recapitula a criação, tem um sentido cósmico. é por isso que Ireneu pode escrever, falando do Cristo, e da sua crucificação: Ele veio sob uma forma visível para junto do que lhe pertence, e ele se fez carne e foi pregado na cruz de modo a resumir em si o Universo (Adverssu haereses, 5, 18, 3).
A cruz se torna, assim, o pólo do mundo, como afirma Cirilo de Jerusalém: Deus abriu as suas mãos sobre a cruz para abraçar os limites do Ecúmeno, e por isso o monte Gólgota é o pólo do mundo (Catechesis, 13, 28). Gregório de Nissa falará da cruz enquanto sinal cósmico (Oratio de resurrectione). Lactâncio escreve: Deus, no seu sofrimento, abriu os braços e abraçou o círculo da terra (Divinae Institutiones, 4, 26, 36). Os autores da Idade Média retomaram o tema da cruz cósmica, que Agostinho valoriza em De Genesi ad Litteram, 8, 4-5. Continuar lendo